quinta-feira, 9 de novembro de 2017

MUROS – Glosa breve sobre o “9 de Novembro” de 1989


Altos rasos pontiagudos
Eles definem a paisagem
Sem eles nunca saberás
O macio da planura
Nem a lonjura da viagem
Esses jamais cairão
Que  o infinito  abismo é o seu chão
               *
Muros outros
Humanos ciclopes
Betonados de ossos mutilados
De gritos em vão
Frenéticos galopes
E restos de dedos sob os cavalos
Dos imperadores capitais
Esses tarde não
E cedo mais
Implodirão
         *
Muros migrantes
Da selva para a cidade
Hoje como dantes

Quem os estoura?
Quem os devora?

O monstro que os levanta
Seja a mão
Que os quebranta
             *
Muro de ti
E muro de mim mesmo
Muro, muralha, mainel, lancil
Somos nós alguma vez


 
                                 


Chovam cravos de Abril
E em cada português
Esta lei nasça e se proponha
Jamais aqui jamais
Rumor tijolo ou sombra
Do muro da vergonha

09.Nov.17
Martins Júnior



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