terça-feira, 21 de julho de 2015

DORES DE PARTO NAS MATERNIDADES PARTIDÁRIAS




Quem passa rente  a certas portadas das Ruas da Mouraria, das Ruas dos Netos, das Ruas da Alfândega, das Ruas do Bom Jesus, enfim, de todas as Ruas das maternidades onde vão parindo as parturientes das ortodoxias partidárias --- a repetição dos “pês” é intencional e polissémica --- não se apercebe do rodopio angustiante que lá reina. Se o nosso Zé-povinho soubesse exclamaria, sorrateiro, e logo fugiria: “Ai gritos que vai  naquela casa”!
Para deitar ao mundo as listas luminárias dos candidatos, o bloco operatório não chega para tanta cesariana. E o pior é que parturiente, nascituro, pai da criança, obstetra e lava-mãos  são,  para desdita sua,,  a mesma e única entidade: o directório,  ou mais precisamente, o seu líder.
Considerando que em Setembro a maternidade é pública --- o voto universal --- e. agora, por estes dias, a maternidade é privada --- tudo é feito à mão da  parteira doméstica  --- não  será difícil adivinhar que o “serviço” no privado é muito mais doloroso e hemorrágico que no público. Porque aí está aberto o alvará das facas longas, dos “direitos” por usucapião, de birras e golpadas infantis, ao passo que em Setembro/Outubro, a paridura tem um efeito inelutável, sem apelo nem agravo. É comer e calar o que o Povo lhes der.
Não esperava deitar cá para fora  este espinhel de humor semi-negro. Mas deixem lá passar. Porque  o que exclusivamente me move hoje é um voto de louvor (condicionado, é certo) aos nomes que os diversos partidos têm vindo a apresentar às próximas eleições da Assembleia da República. Dirijo este meu voto,  por junto,  a todos os nomes que vieram à luz do dia. Vejo uma nova aragem, uma  onda outra e galvanizadora, quer pelas competências naturais ou adquiridas, quer pelos “curricula” profissionais e serviços prestados, a que se adiciona um sopro de juventude (não me refiro apenas à idade biológica) que fazem augurar uma digna e renovada representação madeirense no Parlamento Nacional. Até que enfim vão voltar aos seus armários de pinho da terra aquelas velhas esfinges do PSD/M que lá  assentaram arraiais para devorar quem lhes quisesse ocupar a jaula. Sem desprimor,  mas devo dizer o que sinto: se fôssemos a avaliar a Região pelos calos rugosos e pelas cãs dos lá estiveram até agora, eu diria que o PSD/M , em todos este anos, ofereceu aos continentais os melhores exemplares de uma Madeira Velha.
Claro que não faço a apologia gratuita dos jovens na política. São necessários, mas na medida da sua fogosidade renovadora e no afã, intimamente assumido, em servir uma Causa. Limpa e exigente.  Pois, do que conheço,  as ambições imberbes de certos infantis, que já querem alinhar na Divisão Máxima do campeonato, fazem das Jotas (“vi claramente visto” nos caloiros  da maioria parlamentar regional) uma lagoa chã  e cheia de lagartixas sedentas de chegar a jacarés. Nem peço desculpa a esses garimpeiros, muitas vezes desistentes da sua formação académica e profissional. Sei do que falo.
Uma palavra aos “cromos”,  eminentes cardeais das cúrias partidárias, ora dispensados,  recomendo-lhes  olhar para  o retrovisor da  carruagem e ler pausadamente o velho axioma: “Quem a ferro mata a ferro morre”. É o inexorável movimento, tantas vezes suicida, da rosa dos ventos, são os constantes e repetidos  fluxo e refluxo das marés da vida política.  O que mais conforta é saber e sentir que aqueles lugares não são herança de família. São oficinas de trabalho que deixamos gostosamente quando chega o tempo da “reforma”.
Reitero o conforto que me traz o ver na comunicação os novos candidatos a “servidores” de causas --- as Causas do Povo, seu constituinte.
E nunca se esqueçam, (permitam-me repetir sem cansar uma variante perífrase de Sérgio Godinho): “ O dia em que fordes eleitos será o primeiro dia do resto do vosso mandato”!

21.Jul.2015
Martins Júnior



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